Covid-19: Especialistas em Timor-Leste apelam à população com sintomas que vá ao médico

Díli, 31 mai 2021 (Lusa) – Especialistas timorenses apelaram hoje à população com sintomas da covid-19 para ir rapidamente aos serviços de saúde, notando que dois dos três infetados com SARS-CoV-2 que morreram na última semana não o fizeram.

A recomendação foi deixada no mais recente boletim de análise epidemiológica da covid-19 em Timor-Leste, o sexto relatório semanal do tipo, no qual é reconhecido que um número indeterminado de pessoas com sintomas não está a recorrer aos serviços médicos.

Nesse âmbito, o relatório notou que dois dos três indivíduos que morreram na última semana “foram pessoas com comorbidades que tiveram sintomas da covid-19 durante mais de uma semana antes de morrer ou de pedir tratamento”.
“Reconhecer os sintomas e procurar tratamento o mais rapidamente possível é importante e aumenta as hipóteses de sobrevivência. Desde o início da pandemia, foram hospitalizados 187 pessoas para tratamento e 179 recuperaram, incluindo pessoas em estado grave”, referiu o estudo.

O alerta foi deixado no relatório preparado pelo Pilar 3 do Ministério da Saúde, em conjunto com a ‘task-force’ para Prevenção e Mitigação da covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC).
O Instituto Nacional de Saúde timorense, a Organização Mundial de Saúde (OMS), as Equipas de Apoio Médico Australiano (AusMAT) e a Menzies School of Health Research, instituição que apoia o Laboratório Nacional timorense em Díli nos testes à covid-19, também participaram no estudo.

Quatro das 16 mortes registadas até ao momento de pessoas infetadas com covid-19 em Timor-Leste ocorreram fora de unidades hospitalares e, em alguns dos casos, as famílias recusaram receber tratamento no centro de isolamento, mesmo depois de confirmado o teste positivo.

“A equipa de saúde tentou convencer o paciente a ir para o centro de isolamento de Vera Cruz. A família recusou e levou-o para casa. Morreu hoje de madrugada. A família recusa aceitar o funeral com protocolo da covid-19”, explicou o CIGC, no comunicado em que deu conta da morte mais recente, um homem de 38 anos.

Com o avançar da pandemia e repetidas polémicas com pessoas que recusam fazer testes, procurar atenção médica ou aceitar o diagnóstico e até protocolos covid-19 nos funerais, o tema é cada vez mais importante.

Nas últimas semanas, responsáveis timorenses têm alertado que tem havido maior receio por parte de doentes de procurarem hospitais para evitar fazer testes à covid-19.

Ainda que a relativamente jovem população timorense tenha contribuído, segundo os especialistas, para uma taxa de mortalidade total mais reduzida (0,2%), tanto os casos de óbitos como os casos sintomáticos têm vindo a aumentar.

Treze dos 16 óbitos ocorreram em maio, sendo que as autoridades admitiram a possibilidade de mais casos de mortes de pessoas infetadas, mas que não foram diagnosticadas.

“Se formos a ver a prevalência e partirmos do princípio que temos 50 mil infetados na comunidade em Díli, e com uma taxa de mortalidade de 0,2%, poderíamos ter pelo menos 100 óbitos em Díli”, disse à Lusa fonte do CIGC.

O boletim atualizou ainda outros dados sobre a pandemia, notando que na última semana, por exemplo, 10,1% de todos os casos detetados tinham sintomas da covid-19, um valor que é dois pontos percentuais mais elevado do que o da semana anterior.

Em termos gerais, referiu o boletim, 79% de todos os casos diagnosticados foram deteados em pessoas com menos de 40 anos.

O relatório confirmou que a semana de 24 a 30 de maio foi a pior de sempre, com 1.259 casos, ou 18,25%, de todos os casos registados no país desde o início da pandemia da covid-19, 6.897.
Isso levou a que a taxa de incidência, que mede o número de casos diagnosticados, por dia, comparativamente à população, tenha aumentado a nível nacional para 13,6 casos por 100 mil habitantes (era de 12,7 na semana anterior).

Em Díli, onde há transmissão comunitária, a taxa cresceu para 42,8 por 100 mil habitantes, comparativamente aos 40 da semana anterior.

Depois de Díli, Bobonaro regista atualmente a segunda maior taxa de incidência (11,7), seguindo-se Baucau com 4,8.
Já a taxa de prevalência – que mede a percentagem de casos positivos entre os testes realizados – caiu na semana de 24 a 30 de maio, para 14,5%, comparativamente a 17% na semana anterior.

Com base nesses dados, o boletim estimou que a atual prevalência da covid-19 em Díli varia “entre 13,5 e 15,5%” da população estimada (350 mil pessoas) ou entre 47.250 e 54.250 pessoas infetadas na capital.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.535.376 mortos no mundo, resultantes de mais de 169,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.023 pessoas dos 848.658 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
ASP // EJ
Lusa/Fim

Share via
Copy link
Powered by Social Snap
COVID-19 Timor-Leste

FREE
VIEW