Díli, 15 fev 2021 (Lusa) – As autoridades de saúde já identificaram as 11 pessoas que tiveram contacto com um paciente positivo que entrou irregularmente na fronteira terrestre e que testou positivo à covid-19, segundo um dos coordenadores da Sala de Situação.
Aurélio Guterres, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, e coordenador do Destacamento de Reação Rápida da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), explicou que os 11 contactos do paciente positivo foram já detetados e estão em quarentena em Batugadé, junto à costa norte da ilha.
“Foram identificados e foram levados para quarentena. Alguns testes já foram feitos, negativos para já, e outros ainda estão à espera de que se conheçam os resultados”, explicou.
Aurélio Guterres disse ainda que a caminho de Díli está um outro grupo com 21 pessoas que incluiu uma pessoa que entrou irregularmente na fronteira, também na zona de Maliana, e mais 20 pessoas com quem teve contacto num transporte público.
“O grupo está já a ser transportados para ficarem em quarentena em Díli”, detalhou o responsável.
O caso de Lourbá causou grande preocupação porque um homem de 20 anos, que entrou ilegalmente e que acabou por ser identificado e testado positivo, ter viajado com pelo menos onze outras pessoas.
Aurélio Guterres explicou que entre hoje e terça-feira deverão partir para a zona quatro equipas mistas de vigilância que vão reforçar todos os controlos na zona, que é agora o foco de maior preocupação quanto à possibilidade de contágios com covid-19.
Ao longo da fronteira há um reforço de equipa, mistas da Unidade de Patrulhamento Fronteiriço (UPF), sendo essencial o apoio de líderes locais e comunitários que estão a identificar entradas irregulares de cidadãos timorenses.
Parte do trabalho é também de identificar uma rede de motoristas que estão a ajudar a transportar as pessoas de um lado para o outro da fronteira.
Há vários meses que a pressão fronteiriça – especialmente perante o aumento de casos do lado indonésio – é a maior preocupação das autoridades timorenses, que anunciaram já reforços no patrulhamento.
Dois casos recentes, de pessoas que conseguiram chegar a Díli e a Maliana, depois de entrarem irregularmente, e que acabaram por testar positivo à covid-19, voltaram a acender os alarmes, com a preocupação sobre eventuais contactos que tenham mantido já em Timor-Leste.
Questionado hoje sobre esta situação, Vinay Bothra, conselheiro de política de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Díli, disse à Lusa que o apoio da comunidade às autoridades policiais é essencial para que se consigam controlar adequadamente as entradas irregulares.
“De facto a nossa maior ameaça de entrada de vírus é através das fronteiras porosas. As entradas formais, tanto por ar como por terra estão bem geridas e controlas, mas as entradas informais são mais complicadas”, considerou.
Neste cenário, considera Bothra, manter a colaboração entre as comunidades locais e as autoridades policiais ajuda a fortalecer o controlo de pessoas que entram irregularmente no país, para que possam ser colocadas em quarentena e testadas.
“A colaboração está a funcionar bem e tem que ser mantido. As coisas não são perfeitas e o apoio comunitário é essencial”, frisou.
“Percebemos a ansiedade com o aumento de casos, mas tem estado a correr bem a identificação de potenciais casos. É preciso acelerar e fortalecer o controlo de contactos para evitar que escapem pessoas à rede”, sublinhou.
A OMS, recordou, tem estado a dar conselhos e apoio e a trabalhar em muita proximidade com as autoridades de saúde sobre esta matéria, como outras relacionadas com a resposta à covid-19.
Odete da Silva Viegas, coordenadora-adjunta da força-tarefa para a Prevenção e Mitigação da covid-19 da Sala de Situação, confirmou à Lusa que hoje há um paciente recuperado, mantendo-se 39 doentes infetados no país, todos em isolamento.
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