URGENTE – INFORMAÇÃO ATUALIZADA COM RECOMENDAÇÃO DE SALA DE SITUAÇÃO PARA CONFINAMENTO EM DÍLI
Covid-19: Autoridades timorenses anunciam dois casos em Díli (ATUALIZADA)
Díli, 07 mar 2021 (Lusa) – As autoridades timorenses anunciaram hoje terem detetado dois casos positivos da covid-19 na capital timorense, Díli, durante um processo de testes em massa aleatórios realizados na zona ocidental da cidade.
O coordenador da equipa para a Prevenção e Mitigação da covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), Rui Araújo, explicou que depois da deteção dos casos foram dadas instruções às forças de segurança para estabelecer uma cerca temporária na zona.
O coordenador explicou que entre as medidas que a Sala de Situação vai recomendar ao Conselho de Ministros, marcado para segunda-feira de manhã, está o confinamento total em Díli, idêntico ao que esteve aplicado há cerca de um ano, no início da pandemia.
“O ideal seria uma cerca para Díli, com confinamento total, para dar tempo às equipas de vigilância para fazer todos os testes necessários. Esta é uma das medidas que a Sala de Situação vai recomendar ao Conselho de Ministros”, explicou à Lusa.
“A decisão final é política e cabe ao Conselho de Ministros. O primeiro-ministro que é também comandante operacional da Sala de Situação, está naturalmente a par da situação e das medidas temporárias que aplicámos já”, frisou.
O Governo tinha já marcada uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros na manhã de segunda-feira, inicialmente para debater o roteiro da vacinação contra a covid-19, devendo a agenda ser agora alterada para analisar que medidas tomar na capital.
“Hoje, a Sala de Situação coordenou com as autoridades de segurança para temporariamente bloquear a aldeia de Terra Santa e imediações para garantir que a população fica em casa para dar tempo a mais rastreio de contactos”, explicou.
Os dois casos foram detetados na zona de Tasi Tolu, na saída ocidental da capital, durante uma operação de testagem em massa e aleatória conduzida nos últimos dias.
A zona onde os casos foram detetados é a mesma onde reside uma mulher infetada e cujo caso só foi detetado no final da semana passada depois dessa pessoa ter viajado num autocarro público para a segunda cidade, Baucau.
Imediatamente depois da deteção desse caso, as autoridades realizaram testes a contactos imediatos da paciente infetada, entre os quais alguns na aldeia de Terra Santa, suco Madohi, próximo de Tasi Tolu.
Iniciaram depois um amplo rastreio em massa a habitantes da zona de Madohi durante a qual foram testadas quase 300 pessoas.
A zona de Tasi Tolu é uma das mais movimentadas da cidade, sendo um dos pontos de partida mais importantes para autocarros e outros transportes entre Díli e o resto do país, com a população da zona a crescer significativamente na última década.
Rui Araújo disse que as autoridades estão ainda a continuar o processo de rastreio de contactos, explicando que os dois casos anunciados hoje são de vizinhos do caso inicial e que pode este pode ser o primeiro caso de transmissão comunitária no país.
“Se não há história de viagem possivelmente estamos perante um caso de transmissão comunitária. Mas o esforço de recolher informações, verificar informações continua no intuito de perceber a origem destes casos”, referiu.
“Podemos estar perante um caso importado ou transmissão comunitária. independentemente disso, os dois casos novos estão na mesma zona”, referiu.
Araújo pediu, por isso, e até que sejam conhecidas as medidas a aplicar na cidade, um “esforço de contenção nos movimentos de todos”, dando tempo às equipas de saúde para atuar no terreno e ao Governo para tomar as medidas.
E admitiu que, dada a localização dos casos, numa zona de movimento para outras regiões do país, “há sempre a possibilidade de o foco ter sido alastrado para outras partes do país”.
“As equipas de saúde estão alertadas para isso. Não temos meios para fazer rastreio a todas as pessoas, mas há medidas epidemiológicas que podemos implementar para ajudar a detetar possíveis focos”, frisou.
Antes da conferência de imprensa a Sala de Situação esteve reunida de urgência e em diálogo com o seu responsável máximo, o primeiro-ministro Taur Matan Ruak, que autorizou a decisão de confinamento da cidade.
“Todos os outros resultados do rastreio na zona deram negativo. Mas as equipas estão a ampliar todo o rastreio de contactos. Estas duas pessoas trabalham na administração pública e esse seguimento está a ser feito”, disse.
“O Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC) apela a toda a população para mantenha a calma, e não entrar em pânico”, frisou.
Além dos dois casos detetados em Díli, as autoridades confirmaram ainda mais um caso positivo na região de Fatumean, município de Covalima (atualmente sob cerca sanitária) e onde há dois surtos de transmissão local.
A identificação dos casos em Díli – os primeiros a serem detetados fora dos locais de quarentena praticamente desde o início da pandemia – ocorre praticamente um ano depois do primeiro caso da covid-19 em Timor-Leste, confirmado em 21 de março de 2020.
Uma semana depois desse caso, em 28 de março de 2020, o país entrou no seu primeiro período de estado de emergência, coincidindo com um quase confinamento total, que só começou a ser levantado mais de um mês depois.
Desde aí, e apesar do país ter estado praticamente todo o último ano em estado de exceção, apenas se aplicaram cercas sanitárias na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e nos municípios de Covalima e Bobonaro, sem que em qualquer dos casos, dentro dessas regiões, tenha havido confinamento.
Com os novos caso aumentam para 28 o número total de casos ativos em Timor-Leste.
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